Diabetes Gestacional: Diagnóstico, Tratamento e Impactos para a Mãe e o Bebê
Problema que chega a atingir quase 20% das gestantes brasileiras, a diabetes gestacional (DMG) é uma condição que se caracteriza por níveis elevados de glicose no sangue que surgem ou são diagnosticados pela primeira vez durante a gestação.
Introdução
A diabetes gestacional (DMG) é uma condição que se caracteriza por níveis elevados de glicose no sangue que surgem ou são diagnosticados pela primeira vez durante a gestação. Embora a diabetes gestacional geralmente desapareça após o parto, ela é uma condição importante a ser monitorada e tratada adequadamente devido aos seus potenciais riscos, tanto para a mãe quanto para o bebê.
Neste artigo revisado pelo Dr. Weslley Vieira você entenderá os principais aspectos da diabetes gestacional, incluindo seus fatores de risco, diagnóstico, tratamento e consequências.
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1. Como ocorre?
Durante a gravidez, o corpo passa por uma série de adaptações hormonais que favorecem o crescimento e o desenvolvimento do feto. Esses processos incluem a secreção de hormônios como o estrogênio, a progesterona e o lactogênio placentário humano (hPL), que podem interferir na ação da insulina, um hormônio responsável por regular os níveis de glicose no sangue.
Em mulheres grávidas, a resistência à insulina tende a aumentar, o que pode causar uma elevação nos níveis de glicose. Em muitas mulheres, o pâncreas é capaz de produzir insulina suficiente para compensar essa resistência. No entanto, em algumas mulheres, essa compensação não é eficaz, resultando em diabetes gestacional. Esse quadro é mais comum no final do segundo trimestre ou no início do terceiro trimestre da gestação.
2. Fatores de Risco
Embora qualquer mulher possa desenvolver diabetes gestacional, certos fatores de risco aumentam a probabilidade de sua ocorrência. Os principais fatores são:
- Histórico anterior de DMG: Mulheres que tiveram diabetes gestacional em uma gravidez anterior têm maior risco de desenvolver a condição em gestações subsequentes.
- Idade materna avançada: Mulheres com 35 anos ou mais têm maior risco de desenvolver DMG.
- Sobrepeso ou obesidade: O excesso de peso é um dos fatores mais comuns associados ao desenvolvimento de diabetes gestacional.
- Histórico familiar de diabetes tipo 2: Mulheres com parentes próximos que sofrem de diabetes tipo 2 têm um risco aumentado de desenvolver DMG.
- Raça e etnia: Mulheres de origem afro-americana, hispânica, nativa americana e asiática têm maior propensão a desenvolver diabetes gestacional.
- Síndrome dos ovários policísticos (SOP): Mulheres com SOP têm maior risco de resistência à insulina e, consequentemente, diabetes gestacional (saiba mais sobre SOP em outro artigo em minha pagina abaixo)
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3. Como fazemos o diagnóstico da Diabetes Gestacional?
O diagnóstico da diabetes gestacional é realizado por meio de testes de glicose no sangue. O teste mais utilizado são a glicemia de jejum (GJ) e o teste de tolerância à glicose oral (TTGO). A GJ é feita de rotina no 1º trimestre da gestação, e deve estar menor que 92mg/dl. Se estiver normal, seguimos o acompanhamento habitual e fazemos uma segunda pesquisa com o TTGO entre a 24ª e a 28ª semana de gestação.
O procedimento para o exame é o seguinte:
1. Glicemia de jejum: A paciente realiza uma coleta de sangue em jejum de pelo menos 8h.
2. Teste de glicose após ingestão de Dextrose: A paciente ingere uma solução doce (muitas vezes chamada de garapa) e tem o nível de glicose medido em intervalos de uma e duas horas após a ingestão.
O diagnóstico de diabetes gestacional é confirmado se os níveis de glicose estiverem acima dos valores de referência estabelecidos pelas diretrizes médicas. Caso a glicose esteja apenas ligeiramente alterada, é comum realizar mais exames para verificar se a condição persiste.
4. Como é o tratamento?
O objetivo do tratamento da diabetes gestacional é controlar os níveis de glicose no sangue para evitar complicações para a mãe e o bebê. O tratamento pode incluir mudanças no estilo de vida, monitoramento constante da glicemia e, em alguns casos, medicação, que pode ser oral ou injetável (insulina)
- Mudanças na alimentação e estilo de vida
O primeiro passo no tratamento da diabetes gestacional geralmente envolve mudanças na dieta e no estilo de vida. A paciente é orientada a seguir uma dieta balanceada, rica em fibras e com baixo consumo de carboidratos simples. A prática regular de atividade física também é recomendada, uma vez que o exercício pode ajudar a reduzir os níveis de glicose no sangue e melhorar a resistência à insulina.
- Monitoramento da glicemia
A paciente com diabetes gestacional deve monitorar seus níveis de glicose no sangue regularmente. Isso pode ser feito por meio de exames caseiros com um glucosímetro, especialmente antes e após as refeições, podendo serem necessárias varias aferições ao dia. Manter os níveis de glicose dentro dos parâmetros recomendados é essencial para reduzir os riscos de complicações.
- Medicamentos
Se as alterações na dieta e o exercício não forem suficientes para controlar os níveis de glicose, prescrevemos medicações, geralmente se iniciando uma tentativa por via oral e, em caso de falha, passando para a insulina. Lembro sempre que para as principais referencias médicas, a insulina é considerada a primeira linha de tratamento, sendo que realizamos tentativas com medicação oral muitas vezes para evitar o transtorno de múltiplas injeções diárias para as pacientes.
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5. Quais as complicações da Diabetes Gestacional?
Embora muitas mulheres com diabetes gestacional tenham uma gravidez saudável quando a condição é adequadamente controlada, a falta de controle glicêmico pode resultar em diversas complicações, tanto para a mãe quanto para o bebê.
- Para a mãe:
- Pré-eclâmpsia: A diabetes (especialmente aquela que já existia previamente à gestação e foi descoberta por ocasião desta) aumenta o risco de hipertensão gestacional, o que pode levar à pré-eclâmpsia, uma condição potencialmente grave
- Infecções urinárias: Mulheres com níveis elevados de glicose no sangue têm maior propensão a glicosúria e infecções do trato urinário
- Necessidade de parto cesáreo: O risco de cesárea aumenta devido ao tamanho aumentado do bebê (macrossomia), que pode impossibilitar o parto vaginal
- Para o bebê:
- Macrossomia: Bebês de mães com diabetes gestacional têm maior risco de nascerem com peso elevado, o que pode aumentar a chance de complicações no parto.
- Hipoglicemia neonatal: Após o nascimento, os bebês podem sofrer de baixos níveis de glicose no sangue devido à produção excessiva de insulina durante a gestação.
- Distúrbios respiratórios: Bebês de mães com diabetes gestacional têm um risco maior de desenvolver problemas respiratórios, como a síndrome do desconforto respiratório neonatal.
- Risco aumentado de obesidade e diabetes tipo 2 na infância: Há evidências de que crianças nascidas de mães com diabetes gestacional têm maior risco de desenvolver obesidade e diabetes tipo 2 na infância e vida adulta.
6. Doutor, como posso prevenir a Diabetes Gestacional?
Embora não seja possível prevenir totalmente a diabetes gestacional, algumas medidas podem reduzir o risco de sua ocorrência:
- Manutenção de um peso saudável
- Alimentação balanceada e atividade física: Adotar hábitos saudáveis de alimentação e praticar exercícios regularmente durante a gravidez pode ajudar a controlar os níveis de glicose no sangue.
- Acompanhamento médico pré-natal: O acompanhamento regular durante o pré-natal permite o diagnóstico precoce e a adequada gestão da diabetes gestacional, evitando complicações.
7. Conclusão
A diabetes gestacional é uma condição que requer cuidados médicos contínuos e uma abordagem multidisciplinar para garantir a saúde da mãe e do bebê. O diagnóstico precoce e a gestão eficaz dos níveis de glicose são fundamentais para minimizar os riscos associados à condição. Embora a diabetes gestacional desapareça após o parto na maioria das mulheres, é importante que elas mantenham o acompanhamento médico, uma vez que estão em risco elevado de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro. Por isso, a adoção de um estilo de vida saudável e a realização de exames periódicos são essenciais para prevenir complicações a longo prazo.